O VERDADEIRO JEJUM

O VERDADEIRO JEJUM
"O jejum que desejo não é este: soltar as correntes da injustiça, desatar as cordas do jugo, pôr em liberdade os oprimidos e romper todo jugo?
Não é partilhar sua comida com o faminto, abrigar o pobre desamparado, vestir o nu que você encontrou, e não recusar ajuda ao próximo?
Aí sim, a sua luz irromperá como a alvorada, e prontamente surgirá a sua cura; a sua retidão irá adiante de você, e a glória do Senhor estará na sua retaguarda.
Aí sim, você clamará ao Senhor, e ele responderá; você gritará por socorro, e ele dirá: Aqui estou. "Se você eliminar do seu meio o jugo opressor, o dedo acusador e a falsidade do falar;
se com renúncia própria você beneficiar os famintos e satisfizer o anseio dos aflitos, então a sua luz despontará nas trevas, e a sua noite será como o meio-dia.
O Senhor o guiará constantemente; satisfará os seus desejos numa terra ressequida pelo sol e fortalecerá os seus ossos. Você será como um jardim bem regado, como uma fonte cujas águas nunca faltam.
Seu povo reconstruirá as velhas ruínas e restaurará os alicerces antigos; você será chamado reparador de muros, restaurador de ruas e moradias.
"Se você vigiar seus pés para não profanar o sábado e para não fazer o que bem quiser em meu santo dia; se você chamar delícia o sábado e honroso o santo dia do Senhor, e se honrá-lo, deixando de seguir seu próprio caminho, de fazer o que bem quiser e de falar futilidades,
então você terá no Senhor a sua alegria, e eu farei com que você cavalgue nos altos da terra e se banqueteie com a herança de Jacó, seu pai. " Pois é o Senhor quem fala

Isaías 58:6-14

quarta-feira, 20 de julho de 2011

TURISMO E EXPLORAÇÃO SEXUAL NA AMAZÔNIA


Turismo e exploração sexual. Um problema social brasileiro. Entrevista especial com Dom Flávio Giovenale - 19/07/2011 

Local: São Leopoldo - RS 
Fonte: IHU - Instituto Humanitas Unisinos 
Link: http://www.unisinos.br/_ihu/ 
A situação da miséria é tão intensa, que o fato de alguém da família se prostituir por um determinado período é uma situação considerada normal”, declara Dom Giovenale, bispo de Abaetetuba, que há anos denuncia crimes de turismo e exploração sexual na Amazônia.  Segundo ele, a miséria é a principal causa que leva as pessoas a se prostituírem.  “Aqueles que moram no interior dos estados da Amazônia não têm perspectiva de vida.  As capitais dos estados concentram a força econômica, enquanto os municípios do interior vivem do funcionalismo público, das aposentadorias e do Bolsa Família”, relata em entrevista concedida à IHU On-Line por telefone.
Além da prostituição local, D. Giovenale diz que cresce o índice de vítimas do turismo sexual organizado por agências da região.  Segundo ele, os jovens são levados à Guiana Francesa e ao Suriname, onde vivem como escravos em garimpos e bordéis.  “Depois de migrarem para esses países, é difícil retornar porque para isso é preciso dinheiro.  (...) Poucas pessoas conseguem superar a condição de miséria dos garimpos, pois estes locais são extremamente controlados”.
D. Flávio Giovenale, SDB, é bispo de Abaetetuba, Pará.  Ele é um dos bispos ameaçados de morte por denúnciar o tráfico humano.  Ele sempre é acompanhado por agentes de segurança.
Confira a entrevista.
Desde quando acontece turismo sexual no Brasil?  Quais são as razões que favorecem essa prática?
Dom Flávio Giovenale – Há dezenas de anos.  Mas, nos últimos 15 anos, o turismo sexual se intensificou nas regiões Norte e Nordeste.  Antes, as vítimas eram mulheres, mas, agora tem se intensificado o turismo sexual infantil.
Na verdade, o turismo é um meio utilizado para praticar a prostituição.  Os estrangeiros, especialmente americanos e europeus, que se envolvem nesse tipo de turismo querem satisfazer seus extintos com “pessoas exóticas”.  Eles pensam que o Brasil é o país do sexo e do paraíso.  Há alguns anos, a propangada federal brasileira contribuía para intensificar esse crime no país, pois apresentava o Brasil com imagens de mulheres e passava a ideia de que no país tinha “mulher fácil”.  O nome Amazônia é algo mágico para os estrangeiros e eles gostam de dizer que fizeram sexo com uma pessoa da região.
Outra causa que facilita o ingresso de estrangeiros no país é a falta de controle policial.  Portanto, passa-se a ideia de que no país é possível praticar um crime e ficar impune.  Além disso, cresce, no mundo, uma propaganda em vista “do prazer custe o que custar” e algumas pessoas acabam priorizando o prazer.
Quais são os motivos que levam as pessoas a se prostituírem?
Dom Flávio Giovenale – Na Amazônia, a grande causa que leva as pessoas a se prostituírem é a miséria.  Aqueles que moram no interior dos estados da Amazônia não têm perspectiva de vida.  As capitais dos estados concentram a força econômica, enquanto os municípios do interior vivem do funcionalismo público, das aposentadorias e do Bolsa Família.  Escutamos relatos que são inacreditáveis: pessoas trocam uma relação sexual por um cachorro-quente.  É triste dizer isso, mas as pessoas se submetem a essa situação porque sentem fome.
Muitas meninas recebem propostas de morar na cidade para poder estudar e trabalhar em casas de família; mas, quando chegam ao local, se transformam em escravas sexuais.  Elas são ingênuas e desconhecem a realidade.  Por outro lado, alguns jovens pensam que a única perspectiva de vida é a prostituição.  E, ao escolher entre ser prostituta do interior, passando fome, ou ser prostituta nos grandes centros, preferem migrar para as cidades com a esperança de não passar fome.
Na região também cresce o tráfico sexual entre a classe média?
Dom Flávio Giovenale – De vez em quando aparece alguma denúncia em relação à classe média.  Porém, o tráfico sexual é muito forte em algumas regiões como a Ilha de Marajó – nesses locais há uma união entre miséria e organizações criminosas.  Não sei dizer se aumentou o tráfico sexual ou se aumentaram as notícias e o interesse em investigar esses casos de prostituição.
Qual é o destino das vítimas do tráfico sexual?  Existem rotas internacionais que favorecem a intensificação desse crime?
Dom Flávio Giovenale – Na região oriental da Amazônia, onde ficam os estados do Pará e Amapá, tem um destino que liga a Goiás, e de Goiás as pessoas são levadas para a Europa.  A outra rota é por meio da Guiana Francesa e Suriname.  Nesses dois países existem comunidades brasileiras clandestinas, que trabalham em garimpos.  As vítimas do tráfico sexual são levadas a esses locais e trabalham em bordéis, garimpos, nas periferias das cidades e nas capitais.
Essas pessoas costumam retornar para o Brasil?
Dom Flávio Giovenale – Pouquíssimas.  Voltam aquelas que são resgatadas pela polícia, mas, geralmente chegam ao país com pouca perspectiva de vida.  Depois de migrarem para esses países, é difícil retornar porque para isso é preciso dinheiro.  Algumas pessoas deixam de ser exploradas e passam a ser aliciadores, tornando-se subchefes do tráfico.  Poucas pessoas conseguem superar a condição de miséria dos garimpos, pois estes locais são extremamente controlados.  Nos bordéis, normalmente as mulheres são tratadas como escravas e são vigiadas.
O turismo sexual se configura como um problema social no Brasil?  Em sua opinião, a sociedade e o Estado estão dando a devida atenção a esse problema?
Dom Flávio Giovenale – Nos últimos anos, aumentou a consciência de que o turismo sexual é um crime, tanto que a propaganda do Brasil no exterior foi alterada no sentido de mostrar as belezas naturais, sem apelo sexual.  Também existe no país um desejo de mudança e um sentimento de revolta, porque os brasileiros não querem ser vistos como um “povo fácil”.  Além disso, há um empenho positivo do governo contra o turismo sexual por meio de campanhas.  Por isso lhe digo que não sei dizer se há um aumento do tráfico sexual ou se agora as autoridades estão descobrindo o que acontece.  Em minha avaliação, a descoberta de casos de turismo e de exploração sexual demonstra que a luta contra os crimes está sendo eficaz.
Como a população reage diante do turismo sexual e da exploração sexual na região da Amazônia e do Pará?  As pessoas costumam denunciar esses casos?
Dom Flávio Giovenale – A grande maioria da população reage com indignação.  Mas a situação da miséria é tão intensa, que o fato de alguém da família se prostituir por um determinado período é uma situação considerada normal.  É triste dizer isso, mas em algumas famílias todas as mulheres já se prostituíram.  Geralmente, a história começa com a mãe; depois continua com a irmã mais velha, que ao completar 18 anos deixa de se prostituir porque chegou a vez da irmã mais nova, de 12 anos.  Essas são situações localizadas, onde a venda do sexo para pessoas da região ou para turistas se torna uma atividade normal.
A construção de megaobras no Pará e na região tem favorecido a violência sexual?
Dom Flávio Giovenale – Todas as grandes construções implicam um deslocamento muito grande de pessoas.  As fazendas da região também estão recebendo um aglomerado de homens, porque um projeto de biodiesel, coordenado pela Petrobras em 38 municípios do Pará, gera uma movimentação de milhares de pessoas na região, que migram para trabalhar nas plantações de dendê.
Nos dias de pagamento, as vilas dos agricultores enchem de prostitutas, que se prostituem de sexta a domingo.  Muitos dos trabalhadores dessas grandes obras veem na prostituição uma diversão para final de semana.  Essa á uma realidade que se repete em todos os grandes empreendimentos.  Recentemente, li uma notícia de que o governo brasileiro está preocupado com os futuros eventos como Copa do Mundo e Olimpíadas no sentido de evitar a prostituição.
Como vê a legislação e a fiscalização da exploração sexual e do turismo sexual no país?
Dom Flávio Giovenale – O Brasil está firmando vários acordos internacionais com países como Inglaterra, França, Itália para prevenir o tráfico sexual.  Então, por exemplo, se um italiano abusar sexualmente de uma menina brasileira, o crime será julgado na Itália como se tivesse sido feito com uma menina italiana.
Há alguns anos, dois aviões fretados com turistas que tinham conotação sexual chegaram a um aeroporto brasileiro e, imediatamente, a polícia os mandou de volta para o país de origem.  Penso que o Brasil não está fechando os olhos para o problema.  Essa violência tem que ser tratada como um crime contra a humanidade.
Recentemente, jornais americanos repercutiram o envolvimento de empresas americanas com turismo sexual no Brasil.  O senhor sabe dizer que empresas são essas?
Dom Flávio Giovenale – Li que a Polícia Federal está investigando uma agência americana de turismo, que tem base em Manaus.  Essa empresa organizava um pacote turístico que incluía turismo sexual.  Não vejo essa notícia como algo estranho porque o turismo sexual não se organiza sozinho; tem o apoio de agências.  Alegro-me quando esses casos são descobertos e espero que os aliciadores sejam punidos.
O senhor continua sendo ameaçado de morte em função das denúncias que fez sobre o turismo sexual na Amazônia?
Dom Flávio Giovenale – Há dois anos e meio não recebo mais ameaças.  Depois da divulgação de que eu estava sendo ameaçado, parei de receber mensagens.  Recebo bastante apoio do povo e das autoridades que moram na região.  Sinto-me bem trabalhando na comunidade e espero continuar meu trabalho com serenidade.


segunda-feira, 11 de julho de 2011

NOTICIAS DA AMAZONIA


Indígenas do Amazonas vítimas de turismo sexual entram com denúncia na justiça dos EUA - 10/07/2011 Local: Manaus - AM Fonte: A Crítica Link: http://www.acritica.com.br/ 
Caso veio à publico em reportagem publicada no jornal "The New York Times" e na Folha Online.  Funai confirma as denúncias
Elaíze Farias
A ong norte-americana de combate ao turismo sexual de mulheres, Equality Now, divulgou em seu site que quatro indígenas brasileiras (naturais do Estado do Amazonas) entraram com um processo contra a empresa Wet-A-Line, dos Estados Unidos, acusando-a de tráfico sexual.
Conforme a ong, é a primeira vez que a Lei de Proteção às Vítimas do Tráfico daquele país é acionada para estes casos.  O caso foi noticiado na edição deste sábado (09) no jornal “The New York Times” e reproduzido na edição deste domingo (10) no portal Folha Online.
De acordo com a Equality Now, a Wet-A-Line operava no Amazonas em parceria com a empresa Santana Eco Fish Safari, que tem sede em Manaus.  Segundo a ong, a atividade aconteceu “durante vários anos”, até por volta de 2009.
Em entrevista ao portal acritica.com, o indigenista da Fundação Nacional do Índio (Funai), João Melo, confirmou que as indígenas aliciadas por agências de turismo são do município de Autazes (a 118 quilômetros de Manaus).
Conforme o indigenista, as embarcações e hidroavião com os turistas costumavam pousar, sem autorização, no lago Cunhã-Sapucaia, pertencente a terra indígena do mesmo nome, no município de Borba.
Melo conta que as denúncias chegaram a ser publicadas em alguns veículos de comunicação, mas o assunto acabou sendo esquecido.
Naufrágio
Segundo Melo, a prática de aliciamento e o estupro das meninas (todas com menos de 18 anos de idade) migrou para a região de Autazes depois do escândalo envolvendo empresários e políticos que faziam a mesma tipo de ativista turística no município de Barcelos.
O naufrágio do barco onde estavam os aliciadores e as meninas, ocorrido há aproximadamente cinco anos, durante o qual algumas delas morreram, ajudou a escancarar o turismo sexual praticado no Amazonas.
“Não havia essa atividade em Autazes.  Quando estourou aquele escândalo, as agências de turismo de pesca foram para Autazes.  E não eram apenas mulheres indígenas.  Não-indígenas também eram aliciadas.  Mas depois que saiu nos jornais novamente, a situação parou”, disse Melo.
O indigenista disse também que tanto a Santana Eco Fish Safari quanto a Liga de Eco Pousadas, outra agência de turismo que promovia passeios pela região, foram denunciadas pela Funai no Ministério Público Federal.
"Há muitas coisas contra eles.  Mas o MPF nunca mais nos chamou para sermos ouvidos", disse.
Em entrevista à Folha Online, o superintendente da Polícia Federal no Amazonas, Sérgio Fontes, disse pelo menos 15 meninos foram vítimas de estupros e aliciamento nas viagens promovidas pelo proprietário da agência norte-americana, Richard Schair.  O caso, segundo a reportagem da Folha Online, está em segredo de Justiça no Brasil.
O portal acritica.com tentou falar com Sérgio Fontes mas ele não atendeu às ligações feitas ao seu celular.
Investigação
Em matéria publicada no dia 14 de junho, a Equality Now diz que as meninas afirmaram que, nos barcos de pesca, “receberam álcool e drogas e foram forçadas a manter relações sexuais com homens durante as excursões de pesca”.
Elas afirmaram que, na época, tinham menos de 18 anos.  A mais jovem tinha apenas 12 anos.  Conforme o site, a Wet-A-Line já vem sendo investigada pela justiça brasileira.
A Equality Now afirma que atua contra indústria do turismo sexual nos Estados Unidos há 15 anos.
Segundo a ong, a Unicef estima que 250 mil crianças são forçadas a praticar turismo sexual no Brasil.  A entidade acusa a polícia dos Estados Unidos de fazer vista grossa contra essa prática.
Em entrevistada dada ao G1 neste domingo, a ministra da Secretaria das Mulheres, Iniry Lopes, ao tomar conhecimento da reportagem do jornal “The New York Times”, disse que nesta segunda-feira decidirá o melhor procedimento sobre o caso e que, se for necessário, a pasta enviará uma comissão à Amazônia.